agosto 07, 2010

DO RECURSO À ECOLOGIA

A Ecologia entrou na nossa linguagem por via da ciência para melhor compreedermos os processos biológicos de interdependência dos organismos (enquanto indivíduo) entre si e com o meio! Parece, no entanto, que a ideia generalizada no nosso colectivo, posiciona esta ciência na relação directa com a Natureza e exclui o Homem. Ou melhor, posiona o Homem ao comando de todos os sistemas naturais (o que não deixa de ser uma mera ilusão) como que se este estivesse de fora dos mesmos processos biológicos! Assim, falamos que é necessário preservar os habitats e os ecossistemas para salvar a Biodiversidade do Planeta como se não se tratasse da nossa própria sobrevivência! O momento actual é o de congregarmos os mais diversos esforços em prol da preservação da Biodiversidade, ou de pelo menos Travar a sua Perda (EU), mas, ainda, temos um longo caminho a percorrer!

O que poderemos, então, nós aprender com a Ecologia e que servirá ao processo de salvaguarda e conservação da diversidade da vida? Haverá ou não necessidade de uma Ecologia Humana? De que forma a que a podemos colocar em prática?

A primeira noção de ecologia que devemos assimilar é a de Pirâmide Ecológica (PE), onde é possível compreender a estrutura do nosso próprio habitat (Terra) e os seus fluxos de energia e matéria em que se baseia (cadeia trófica). Leopold (1949) diz-nos que a consciência ecológica estabelece-se quando o Homem perceber onde se situa nessa cadeia trófica e verificar que é totalmente dependente das camadas inferiores dessa pirâmide. Aí, estará apto a atibuir valor aos demais seres e diferentes formas de vida (valor intrínseco) iniciando-se desta forma o seu processo de expansão de consciência!


Fundamental associar a todo este sistema de fluxos (PE) o conceito de Equilíbrio. Saber que se caracteriza por ser: dinâmico no espaço-tempo; continuum (e não é um ponto); comporta elevada funcionalidade e grande estabilidade; e, que beneficia com a complexidade do sistema, ou seja, quanto maior for a diversidade de espécies em presença. Ainda, podemos inferir que este equilíbrio depende(rá) necessariamente de factores internos e externos o que desde logo nos deverá despertar para a necessidade de "cuidar" das nossas acções de modo a não perturbar esse equilíbrio!

Estaremos então, perante a fórmula necessária para contribuir para a preservação da biodiversidade: sair de uma visão antropocêntrica e passar para uma visão biocêntrica, em que o valor da vida se "iguala"; e, promovermos o equilibrio do TODO (do individuo e do meio) através da vigilância da acção!

Naess (1912-2009), filósofo contemporâneo, propõe-nos fazer uma aproximação mais profunda e mais espiritual à Natureza (Movimento da Ecologia Profunda - 'Deep Ecology'), devendo para isso sermos mais abertos a nós próprios e à vida não-humana que nos rodeia, questionando-nos profundamente.

"Life is fundamentally one ... The deep ecology movement is the ecology movement which questions deeper... The adjective 'deep' stresses that we ask why and how, where others do not." Arne Naess.

Precisamos então de desenvolver uma Ecologia Humana que permita ao Homem uma melhor integração na Natureza e à construção de uma sociedade mais sã e mais responsável, que nos conduza ao desenvolvimento sustentável, à perenidade dos sistemas e à continuidade das condições que permitem a existência das diferentes formas de vida, incluindo a Humana, mantendo a estrutura da Pirâmide e o Equilíbrio dos (eco)sistemas estavéis.

Quanto à prática, bastará que cada UM se proponha a vigiar-se, questionando-se, por outro lado, "em profundidade" para saber se em cada momento a sua acção e o seu pensamento estão também eles em equilíbrio com o TODO!

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