Neste sentido, o Painel Governamental para as Alterações Climáticas aponta como prováveis cenários
. aumento da temperatura média global na superfície terrestre entre 2 a 6,4ºC até 2100;
. aumento da incidência de cheias e secas;
. aumento do nível do mar, de 8 a 88cm, entre 1990 e 2100.
Qualquer um destes cenários projecta, globalmente, mais impactos negativos sobre os ecossistemas e respectivos serviços, que os benefícios que algumas regiões geográficas poderão colher. Isto significa, que se verificarão efeitos adversos nos serviços-chave dos ecossistemas tais como:
. o fornecimento de água potável,
. o fornecimento de alimento e energia,
. a manutenção do ambiente saudável,
. a conservação dos sistemas ecológicos e sua biodiversidade
. conservação de bens e serviços ecológicos associados.
Ainda, resultante das Alterações Climáticas parece ser inevitável:
. aumento do risco de extinção das espécies,
. decréscimo da quantidade e qualidade de água nas zonas áridas e semi-áridas,
. aumento do risco de cheias e secas,
. decréscimo, em certas regiões, do período de produção de biomassa e da força hidráulica,
. aumento de epidemias de malária, dengue e cólera em muitas regiões do globo,
. mortalidade devido ao calor,
. ameaças de decréscimo nutritivo de outras regiões a par de problemas traumáticos graves e morte,
. decréscimo da produção agrícola nas regiões tropicais e sub-tropicais,
. impactos adversos na pesca.
Segundo os estudos efectuados concluiu-se que os impactes dos factores directos de mudança na biodiversidade são constantes ou crescentes. Como factores directos ainda, se integram: a alteração do uso do solo, a alteração do curso dos rios, a extinção dos recifes de coral, os estragos nas plataformas marinhas devido à pesca de arrasto, a introdução de espécies invasoras, a sobre-exploração das espécies e a poluição.
São inúmeros os exemplos que ilustram a influência destes factores na biodiversidade e na alteração de habitats.
Em Portugal, a floresta viu o seu potencial biológico reduzido pela substituição do carvalhal (Quercus sp) por eucalipto (Eucaliptus globulus) o que se traduz na inibição do crescimento do sub-bosque e na consequente perda de alimento e abrigo para muitas espécies. Ao nível do solo dá-se, ainda, um empobrecimento e até delapidação deste recurso, uma vez que deixa de haver manta morta (m.o) e esgotam-se as reservas subterrâneas de água. A transformação da qualidade visual da paisagem é muito significativa.
Outras espécies exóticas, como a Austrália (Acacia melanoxylon) e a Acácia mimosa (Acacia dealbata) dominam sobre as nossas espécies autóctones limitando o seu desenvolvimento. A sua erradicação é uma luta incessante.
Ao nível da pesca e dos recursos marinhos muitas espécies encontra-se em risco de extinção pela sobre-pesca e/ou pela pesca acima dos níveis máximos sustentáveis. Aliás, todos os oceanos vêem quase esgotados os seus stocks de pescado, que o diga o nosso bacalhau (Gardus morhua)!
OUTRAS NOTÍCIAS
A IUCN, no seu relatório de 2004, referiu que, apenas, 15.589 espécies estavam ameaçadas de extinção, após a avaliação de 40.177 espécies (entre as 1,9 milhão que foram identificadas no mundo).
Na "lista vermelha" de 2006 estão 16.119 espécies de animais ou de plantas ameaçadas de extinção, o que, segundo os analistas da IUCN, "inclui um em cada três anfíbios e 25% das árvores de coníferas do mundo, além de uma em cada oito aves e um em cada quatro mamíferos".
Achim Steiner, director-geral da organização, declarou que “A Lista Vermelha de 2006 mostra uma clara tendência: a perda de biodiversidade aumenta, não diminui", alertando que essa situação tem "um grande impacto" na produtividade e na capacidade de recuperação dos ecossistemas.
Em relação ao Mediterrâneo, o relatório aponta a região como um dos 34 focos críticos de biodiversidade do planeta, com cerca de 25 mil espécies de plantas, das quais 60% não são encontradas em qualquer outro lugar do mundo.
A principal ameaça à vida silvestre dos desertos é a caça ilegal, seguida da degradação do habitat.
A organização acrescentou que a situação das espécies de água doce não é muito melhor e que 56% dos 252 peixes de água doce endémicos do Mediterrâneo estão ameaçados de extinção.
A IUCN lembrou que, além de ser uma importante fonte de alimentação, os ecossistemas de água doce são essenciais para obter água potável e para o saneamento.
CURIOSIDADES
O bacalhau é um peixe de águas frias do Atlântico Norte e do Círculo Polar Ártico - Noruega, Terra Nova, Islândia, Canadá e Alaska. Cada fêmea põe, por ano entre 4 a 6 milhões de ovos Contudo, só cerca de 1% sobrevive e chega à fase adulta. Aos dois anos o bacalhau já tem 50 cm. Vive perto de 20 anos, altura em que atinge 1,5m e chega a pesar 50 Kg.
Em 2000 o bacalhau foi incluído na lista de espécies ameaçadas pelo
WWF (World Wide Fund for Nature), que publicou um relatório informando que o bacalhau havia diminuído em 70% nos últimos 30 anos e, se essa tendência continuasse, os stocks mundiais de bacalhau desapareceriam em 15 anos.