BIODIVERSIDADE = DIVERSIDADE BIOLÓGICA => DIFERENTES FORMAS DE VIDA, em que cada uma tem um papel e funções específicos no ecossistema onde se insere.
Logo, se falamos em VIDA, como lhe atribuir um valor? Consequentemente, como valorar quantitativamente a biodiversidade?
Não sendo uma tarefa fácil, e muito provavelmente, difícil de ser conseguida, o que parece importante na análise a efectuar é a concretização do paradigma “Acting Local, Thinking Global”. Ou seja, para chegarmos a um valor da biodiversidade, é necessário ter sempre uma visão integrada e global sobre as interacções entre os ecossistemas, respectivos serviços e o Bem-estar humano e factores, directos e/ou indirectos, sobre a biodiversidade.
Quando pensamos na Floresta Amazónica, por exemplo, não é possível individualizar a sua exploração das mudanças que causa ao nível das várias escalas –local, regional e planetária, quer estejamos a falar do aprovisionamento para as espécies que dela dependem, da regulação hídrica e climática, do recreio e turismo, quer falemos nos factores indirectos -como a economia, a demografia, a cultura, a tecnologia e ciência, e/ou factores directos como sendo a alteração imediata significativa na imagem/cenário deste território pela alteração do uso do solo.
Qualquer acção de intervenção local deve ter sempre em consideração o seu “Efeito Borboleta” na dimensão global e, por seu turno, as concepções/politicas globais não pode esquecer e negligenciar as características e especificações locais.
Os ecossistemas e respectivos serviços representam um bem capital de um país pelo que, os seus benefícios só poderão ser obtidos através de uma melhor gestão desse bem capital. Muito embora, os indicadores económicos convencionais não contabilizem significativamente esses benefícios, os custos resultantes das “surpresas” dos ecossistemas podem ser bastante elevados. Daí que se torna relevante a aplicação do principio da prevenção na conservação da biodiversidade, mesmo nos casos em que não existem dados suficientes para calcular os custos e benefícios de determinada intervenção.
De acordo com as conclusões do MA, é reconhecido pelas pessoas, que a biodiversidade tem um valor intrínseco que não pode ser valorado nos termos económicos convencionais, até pela dificuldade de valoração de alguns dos serviços dos ecossistemas. Isto explica as inúmeras tomadas de decisão feita na ausência de uma análise detalhada dos custos globais, riscos e benefícios.
Conforme referência no documento de Christie, M. et al/Ecological Economics 58 (2006), 304-317, estudos revelam de que uma das abordagens à valoração dos habitats é a conexão do valor da biodiversidade ao valor da protecção das áreas naturais com elevados níveis de procura turística e de recreio. Este é pois, mais um exemplo da dificuldade de valoração da biodiversidade.
A valoração da biodiversidade por parte do Ser Humano, só será possível e conseguida se houver, em primeiro lugar, uma clarificação de conceitos de biodiversidade, ecossistema, habitat e outros de especificidade científica relevante.
PARA REFLEXÃO
Como se calcula e valora a perda de biodiversidade de uma área de paisagem, que foi sujeita a exploração dos seus recursos geológicos, tais como pedreiras para extracção de mármores, granitos, ou outros?
CURIOSIDADES
** A Floresta Amazónica sustenta aproximadamente 300 espécies de árvores por hectare que crescem em solo incrivelmente pobre em nutrientes, 50 000 espécies de insectos nas copas das árvores e 900 espécies de morcegos.
** Se for mantido o actual ritmo de desflorestação, uma grande parte das 50 a 90% das espécies vivas do Planeta que vivem nas florestas será extinta a meio deste século.
** Embora ocupem apenas 0,7% do fundo dos mares, os corais constituem o habitat de mais de 25% das espécies marinhas do planeta.
3 comentários:
no exemplo apontado de como se valora a paisagem natural destruida pela exploração de rochas, julgo que a equação passa por adicionar a totalidade dos valores de mercado obtidos durante a exploração aos custos estimados da recuperação do habitat e ainda a indemnização devida às comunidades locais pelos danos sociais e de bem estar envolvidos dimuindo o reduzido valor de impostos cobrados pelo Estado e não empregues na protecção e sustentabilidade do recurso. outra questão ainda através do exemplo da destruição da Amazónia, cerca de 700 campos de futebol por dia desmatados e entregues á desertificação; aqui o valor de custo da impossível recuperação fica demasiado aquém dos montantes necessários para uma eventual redução da perda global.joão martins
... "custos estimados da recuperação do habitat e ainda a indemnização devida às comunidades locais pelos danos sociais e de bem estar envolvidos dimuindo o reduzido valor de impostos cobrados pelo Estado e não empregues na protecção e sustentabilidade do recurso."
Mas então, e quanto ao valor de uma árvore centenária, da formação do solo, de um ecossistema numa fase climácica, do processo que envolve a biodiversidade!?
A recuperação de qualquer área só é possível até certo ponto. Só pelo facto de "reconstruirmos" esse lugar não conseguimos repôr o pássaro que teve de migrar devido à destruição do seu habitat.
Alcide
Gostei da referência às pedreiras. Cresci numa zona de pedreiras onde a taxa de cancro do pulmão já na altura era bastante significativa. Hoje em dia usam obrigatoriamente máscaras mas não é possível colocar protecção na área envolvente que se apresenta esbranquiçada devido à deposição de partículas e que altera a paisagem envolvente não se tendo medido verdadeiramente o impacto, Para além do aspecto visual que é assustador!
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